Em terra sem likes e números de views, quem tem qualidade reina? É o que estamos prestes a descobrir. Se não isso, teremos que aguardar para ver os resultados colhidos a partir da experiência que está em andamento no Canadá.

O Facebook F8 (pronuncia-se “eff eight“), uma conferência anual realizada pelo Facebook, e que ocorre em São Francisco, Califórnia, foi palco para essa novidade. Mark Zuckerberg e sua equipe prometeram privacidade aos usuários e anunciaram o fim da contagem do número de curtidas e de views nas publicações a nível de teste no país “mais democrático do mundo”.

O Canadá tem uma maior proporção de imigrantes que qualquer outro país que figura entre as sete maiores economias do mundo. Segundo a BBC, as vantagens socioeconômicas do país são inúmeras. É justamente por isso que o Canadá se tornou um verdadeiro laboratório de testes para marcas globais.

Agora que respondemos à pergunta “Por que no Canadá?”, precisamos levantar outras diante dessa atualização que pode reconfigurar o trabalho de equipes de marketing de todo o mundo.

Saúde mental dos usuários é um posicionamento de marca?

É impossível traçar qualquer reflexão sobre o cotidiano das marcas e dos usuários no Instagram sem falarmos sobre saúde mental e excessos. E não são recentes as atualizações do Instagram com foco nesses dois problemas.

Tudo começou com um lembrete sempre que o usuário já viu todas as fotos no feed, quebrando a regra do feed infinito. Depois disso, o Instagram liberou uma ferramenta que ajuda no controle do tempo de cada usuário na plataforma.

Já é possível configurar um lembrete diário para que você não extrapole o tempo que definiu para estar online no Instagram. Você também já pode configurar as notificações do aplicativo, escolhendo exatamente o que quer receber de imediato e o que pode ser silenciado.

O teste no Canadá segue a mesma linha. Um esforço para diminuir a pressão por likes, posicionando a plataforma em mais uma frente a favor da saúde mental de seus usuários. Sem a disputa por quem tem mais likes, diminui-se a ansiedade gerada pelos excessos das aparências. Entende-se também essa escolha como um incentivo aos criadores de conteúdos. Afinal, você comunica exatamente o que é preciso ser comunicado ou você posta para colecionar likes?

É um posicionamento de marca e tanto. Pelo menos é assim que a Priory Comunicação enxerga essa atualização. Justificativa válida. Mas e o nosso trabalho? Vamos a mais perguntas!

Números representam, sim, autoridade. Como vamos mensurar?

Não é difícil imaginar os motivos pelos quais essa atualização preocupou os profissionais que empreendem por meio do Instagram. Influenciadores, marcas e agências de marketing usam o engajamento expresso pelas visualizações e pelas curtidas em circunstâncias estratégicas importantes para o trabalho de marketing. A precificação, por exemplo, é muitas vezes feita a partir desses dados.

O número de seguidores é facilmente manipulável. Por isso, as curtidas e a qualidade das interações são indicativos mais precisos para a contratação de um influenciador em qualquer ação de marketing.

A questão é que, na verdade, o Instagram só está omitindo os dados dos seguidores. O administrador do perfil continua vendo o total de likes e views das suas publicações.

No entanto, se só o profissional de marketing terá acesso ao número real de curtidas das publicações do seu perfil, continuaremos preocupados com a possibilidade desses dados estarem manipulados. Infelizmente, profissionais assim existem aos montes, o que, sem dúvida, enfraquece o nosso mercado de atuação.

Preciso me preocupar agora?

Teste é teste. Mark Zuckerberg e sua equipe podem, inclusive, nos deixar sem respostas muito elaboradas ou convincentes após o término do experimento.

“Uma das possibilidades é que o Instagram deixe a omissão de likes como uma opção para as marcas. Como eles têm se posicionado fortemente desta forma, pode ser que eles liberem esta opção para incentivar mais a produção de conteúdos pela qualidade e pelo engajamento real do que, simplesmente, pelo número de likes”, analisa Debora Behar sócia-proprietária da Priory Comunicação.

Existe mesmo um processo contínuo de reeducação para quem trabalha com redes sociais. Principalmente, porque as linguagens são únicas em cada rede. Ainda sem as certezas do que este teste implicará para a vida de quem empreende e produz conteúdo na plataforma, podemos simplesmente supor nossas abordagens.

Mas sem pânico. Se, no futuro, tivermos mesmo que lidar com as marcas que não mostram seus números reais no Instagram, lembre-se de que uma empresa ou influenciador que, de fato, se preocupa com o marketing que faz estará não só nesta plataforma.

Avaliar os resultados das demais redes e focar em outras plataformas que façam mais sentido para sua marca ainda são possibilidades reais do nosso dia a dia. Vamos ver o que o Instagram irá trazer!

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